domingo, 26 de maio de 2013

Visando uma educação de qualidade, o artigo abaixo da Profª Dra. Maria Marly Oliveira intitulado de “SEQUÊNCIA DIDÁTICA INTERATIVA-SDI”, que segundo a autora é uma “ferramenta de desdobramento da Metodologia Interativa, tem como carro-chefe o Círculo Hermenêutico-dialético- CHD”.



SEQUENCIA DIDÁTICA INTERATIVA APLICADA NO
PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES



Maria Marly de Oliveira*



RESUMO

Este artigo trata de uma nova ferramenta didática denominada de Sequência Didática Interativa (SDI), que vem sendo utilizada por professores da Educação Básica, e que cursam o Mestrado do Ensino de Ciências e Matemática da UFRPE. A partir de um diálogo inicial com aplicação da técnica do Círculo hermenêutico-dialético (CHD) é solicitado aos estudantes escrever em uma pequena ficha de papel o conceito sobre um determinado tema dos componentes curriculares, e segue-se uma série de atividades que resulta em um só conceito do grupo-classe. A partir deste momento, começa a fundamentação teórica da temática em estudo de forma dialógica e complexa, com base em Freire (2004) e Morin (2005). Neste estudo, são apresentadas e analisadas duas experiências que foram realizadas pelos mestrandos Silveira (2009) no Curso de Ciências Biológicas e Cavalcanti Neto (2010) no Curso de Pedagogia. O resultado obtido nestas duas pesquisas nos permite afirmar que a utilização do CHD por meio de uma SDI facilita a dialogicidade entre professores e alunos e dos estudantes entre si. Também é importante ressaltar a efetiva participação dos estudantes em cada uma das atividades da SDI, bem como o desenvolvimento da criatividade, criticidade e a produção de novos conhecimentos.

Palavras-chave: Formação de professores - Circulo hermenêutico-dialético - Sequência didática interativa.


INTERACTIVE DIDACTIC SEQUENCE APPLIED TO THE TEACHER
FORMATION PROCESS

Abstract

This article deals with a new teaching tool called Interactive Didactic Sequence (IDS), which has been used by teachers of Basic Education, who attend the Master of Teaching Science and Mathematics of UFRPE (Rural Federal University of Pernambuco). From an initial dialogue with the application of the Hermeneutic-Dialectic Circle technique (HDC), the students are asked to write on a small sheet of paper the concept of a particular topic of curriculum components, and a series of activities follows that result in a single concept of the class-group. From this moment, the theoretical foundation on the theme of the study begins, in a complex and dialogic way, based on Freire (2004) and Morin (2005). In this study, two experiments which were conducted by the students of Master’s degree Silveira (2009) in Biological Science and Cavalcanti Neto (2010) in Pedagogy Course and course are presented and analysed. The results obtained in these two studies allows us to state that the use of HDC through an IDS facilitates a dialogicity between teachers and students and among the students themselves. It is also important to note the effective participation of students in each activity of IDS, as well as the development of criativity, criticism and production of new knowledge.


Keywords: Hermeneutic-Dialectic Circle - Interactive Didactic Sequence – dialogicity - Complexity




INTRODUÇÃO


A Seqûencia didática interativa (SDI) como ferramenta didática é um desdobramento da Metodologia interativa que adota como principal instrumento de pesquisa de campo, a técnica do Círculo hermenêutico-dialético (CHD). Este trabalho tem como principal objetivo divulgar uma nova proposta didático-metodológica que damos o nome de Sequência Didática Interativa (SDI) que pode ser aplicada no contexto de salas de aula, tanto na Educação Básica, bem como nos cursos de Licenciaturas que formam os futuros educadores para o ensino de Ciências e Matemática.

Esta nova proposta tem como procedimento metodológico, a construção e reconstrução de conceitos sobre diferentes temas dos componentes curriculares pertinentes a Educação Básica e Cursos de Licenciaturas. Neste contexto, é realizada uma sucessão de atividades para sistematização de conceitos individuais, e a seguir, são desenvolvidas atividades com pequenos grupos, objetivando a formação de uma só definição do tema em estudo, para se trabalhar a fundamentação teórica da temática proposta ao grupo-classe.

Dentre algumas experiências já realizadas por mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (PPGEC) da UFRPE, selecionamos dois trabalhos, que são aqui apresentados por meio de sínteses, com análise dos resultados e impactos no processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, no desenvolvimento deste artigo apresentamos as bases teóricas que alicerçam a SDI, para logo a seguir apresentar de forma sucinta, os dois trabalhos selecionados.

A primeira experiência foi aplicada no Curso de Ciências Biológicas dessa universidade, e a segunda, com estudantes do Curso de Pedagogia, que cursavam a disciplina Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma Faculdade particular no município de Escada - PE. Estas pesquisas foram realizadas em parceria com os mestrandos do PPGEC, Silveira (2009) e Cavalcanti Neto (2010). Como fechamento deste trabalho, apresentamos as conclusões das duas experiências realizadas que possivelmente poderão subsidiar práticas inovadoras no processo ensino-aprendizagem na Educação Básica, e mais acentuadamente no processo de Formação de Professores.

1. APORTES TEÓRICOS QUE FUNDAMENTAM A SEQUÊNCIA DIDÁTICA INTERATIVA

Tomando como referencial a Metodologia Interativa, que é fundamentada segundo os pressupostos teóricos do método pluralista construtivista (GUBA e LINCOLN, 1989), no método de análise de conteúdo (BARDIN, 1977) e no método hermenêutico-dialético (MINAYO, 2004), construímos uma nova proposta didático-metodológica que a denominamos de Sequência Didática Interativa (SDI). Esta ferramenta didática utiliza a técnica do círculo hermenêutico-dialético (CHD), tendo como principais aportes teóricos a complexidade segundo Morin (1999 e 2005) e a dialogicidade, com base em Freire (1987; 1992 e 2005).



1.1 Círculo hermenêutico-dialético - CHD


Levando-se em consideração que a técnica do CHD não tem nenhum esquema fechado, conforme Guba e Lincoln (1989), esta técnica está sendo utilizada como ferramenta didática no contexto de sala de aula, para aplicação de uma SDI. A utilização desta nova ferramenta didática nos motivou a redefinir o CHD, incorporando os novos aportes teóricos da complexidade e da dialogicidade que passam a ser os principais fundamentos que é assim definida por Oliveira    (2011)¹  

O Círculo hermenêutico-dialético é um processo de construção e reconstrução da realidade de forma dialógica através de um vai-e-vem constante (dialética) entre as interpretações e re-interpretações sucessivas dos indivíduos (complexidade) para estudar e analisar um determinado fato, objeto, tema e/ou fenômeno da realidade.

Para melhor entendimento dessa definição, e como se processa a dinâmica do CHD seja como técnica para realização de entrevistas em pesquisas de campo, e/ou como ferramenta didática, construímos a figura 1, em que damos uma explicação detalhada quanto à dialogicidade, dialética e complexidade dentro de uma visão sistêmica.

Tomamos como exemplo a aplicação do CHD com um grupo de oito pessoas entrevistadas numa pesquisa de campo, que também pode ser representada, como sendo uma sequência didática interativa. Passamos a descrever de forma sucinta, os principais fundamentos teóricos que alicerçam a utilização do CHD como técnica para coleta de dados em pesquisa de campo, e como aplicação de uma SDI.

Visão sistêmica

Quando falamos em visão sistêmica, é preciso ter presente o conceito de sistema, que segundo Vasconcelos apud Bertaland (2004, p. 151), é “um conjunto de componentes em interação”, que também pode ser considerada como totalidade, organização. Segundo essa autora, para se ter uma visão sistêmica, é preciso trabalhar de forma integrada três dimensões: complexidade, instabilidade e intersubjetividade.


Complexidade

Em regra geral, quando ouvimos falar em complexidade, uma primeira representação que se passa em nossas cabeças diz respeito a algo confuso, mas segundo Morin em sua obra, La Tête bien faite (1999. p 57) esta pseudo confusão ou perplexidade se desfaz quando passamos a refletir quando este autor nos diz:


[...] a nossa educação nos ensinou a separar e a isolar as coisas. Separamos os objetos de seus contextos, separamos a realidade em disciplinas compartimentadas umas das outras. Mas como a realidade é feita de laços e interações, nosso conhecimento é incapaz de perceber o complexus – o tecido que junta o todo. Ao mesmo tempo o nosso sistema de educação nos ensinou, a saber as coisas deterministas, que obedecem a lógica mecânica; coisas que podemos falar com muita clareza e que permitem, evidentemente, a previsão e a predição.

Por meio dessa afirmativa, é fácil entender que complexidade não é sinônimo de dificuldade, confusão, coisa complicada, mas uma sucessão de idéias, de fatos, de fenômenos, de falas que se entrecruzam na busca de explicações. Sendo assim, passamos a melhor entender que no vai e vem da aplicação do círculo hermenêutico-dialético, a complexidade se faz presente, por meio da dialogicidade, que nos ajuda na construção de novos conhecimentos por meio de um melhor entendimento da realidade em suas múltiplas relações em um determinado momento da história.

Ainda com base em Morin (2005, p. 105) ao afirmar que “a complexidade é o princípio regulador que não perde de vista a realidade do tecido fenomênico no qual estamos e que constitui nosso mundo”, é que acreditamos que a aplicação da técnica do CHD para realização de uma sequência didática interativa nos permite compreender a realidade em sua dialética, dialogicidade e complexidade.

Entendemos  como  complexidade a  rede  de  interações que  se  vai percebendo  ao afunilar a observação do fenômeno em estudo. Ao descobrir o dinamismo dessas relações, vai-se percebendo que o objeto de estudo, fenômeno ou sistema é dinâmico, portanto dialético, em constante mudança, evolução, transformação, fato que gera uma instabilidade. Portanto, ao contextualizar o fenômeno em estudo, o observador se dá conta de que está participando do processo, ou seja, existe uma intersubjetividade.

Entendendo a realidade como um processo, na qual os fatos e fenômenos se apresentam em movimento, ou seja, conectados e em mutação, e por saber que fazemos parte desse processo, utilizamos a técnica do CHD como um processo hermenêutico-dialético dentro de uma visão sistêmica.


Hermenêutica

A hermenêutica como ciência da interpretação tem em Gadamer (2007) um dos maiores representantes na arte de analisar em profundidade e interpretar textos. Segundo este autor, que foi discípulo de Heidegger, a hermenêutica é entendida não somente como interpretação de textos, mas, sobretudo como um constante entrar-em-diálogo para compreensão da realidade e de todo e qualquer saber humano.


Dialética

Mesmo antes dos pré-socráticos, a dialética vem sendo refletida e trabalhada como sendo um constante movimento que resulta em mudanças, transformações.

Como base em Santos (2003, p. 180) vamos encontrar em Hegel e Marx, os princípios da dialética “todo ser humano é natural e concreto, sendo movido pelos conflitos [...] tudo se relaciona, tudo se transforma”. Desta forma, entendemos a dialética como sendo o estudo da realidade em seu movimento, argumentação, complexidade e análise das “contradições”.

Dialogicidade

Segundo Freire em sua obra Pedagogia do Oprimido (1987) a dialogicidade deve ser trabalhada como essência da educação como prática da liberdade, e afirma que: “o diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu” (p.78). Para este autor, só existe diálogo numa relação, de amor, de reflexão e ação, pois o diálogo só se estabelece ainda segundo Freire (1992, p. 43), como sendo “o encontro amoroso dos homens que mediatizados pelo mundo, o pronunciam, isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam para a humanização de todos”. Isto, porque somos seres inacabados e somente através do diálogo podemos apreender a realidade em que vivemos para fazer e refazer a história. Portanto, nos ancorando nestas bases teóricas, passamos a explicitar a construção e aplicação do CHD por meio da Figura a seguir.

Figura 1

Círculo hermenêutico-dialético - CHD2

Novamente recorremos a Morin (2007, p.13) para melhor entendimento da aplicação do CHD no processo de uma sequência didática interativa, em que se trabalha a complexidade entendida como sendo “um tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem nosso mundo fenomênico”. Segundo este autor, a complexidade sendo um tecido formado por diversos fios, não perde a variedade e diversidades, ou seja, a complexidade destes fios que se entrecruzam para dar origem a uma só unidade. É nesta direção, que a SDI trabalha a realidade em toda sua diversidade, sem perder de vista as múltiplas características dos alunos e/ou atores sociais que estão envolvidos no processo de pesquisa e da SDI.

Em síntese, quando falamos em dialogicidade, estamos nos referindo ao processo de interação entre as pessoas para construção e reconstrução da realidade, e que também esta relacionada com a complexidade.


1.2  Sequência didática interativa - SDI

A SDI como sendo uma nova proposta didático-metodológica utiliza o círculo hermenêutico dialético para trabalhar conceito/definições em diferentes áreas do conhecimento, em especial para o Ensino de Ciências, no cotidiano da sala de aula. Sendo assim, definimos a sequência didática interativa, como sendo uma:

Sequência de atividades, tendo como ponto de partida a aplicação do círculo hermenêutico-dialético para identificação de conceitos e construção de definições, que subsidiam os componentes curriculares (temas), segundo seus fundamentos teóricos, que são fundamentados por teorias educacionais, propostas pedagógicas e metodologias, que facilitam o processo ensino-aprendizagem.

A SDI começa a ser trabalhada a partir dos conceitos e ou percepções sobre a temática á ser estudada, que cada aluno e/ou participante de uma atividade didático-pedagógica já é capaz de expressar no processo inicial desta sequência de atividades. É importante compreender que esta concepção é resultante de um conhecimento que foi construído ao longo de suas experiências, cujas idéias foram assimiladas ao longo de sua existência/experiências sobre a temática que se pretende trabalhar no contexto da sala de aula, ou ainda por meio de oficinas pedagógicas. Este procedimento, além de facilitar a integração entre docentes, discentes, dos educandos entre si e coordenadores, tem como desfecho final a sistematização e/ou a construção de um novo conhecimento.

Após a sequência de atividades que se inicia com a escrita em uma pequena ficha de papel por cada um dos participantes do grupo-classe sobre o entendimento (conceito) de um tema em estudo, e que perpassando por sistematizações sucessivas em pequenos grupos, tem como resultado, um só conceito/definição deste tema.

A partir desta síntese final, tem início a fundamentação teórica do tema em estudo e que dará início a uma nova sequência de atividades por meio da associação destes fundamentos á luz de uma teoria e/ou proposta metodológica. Como por exemplo, a construção de mapas conceituais, segundo a teoria de Ausebel, e/ou a realização de um círculo de cultura, com base em Freire.

2.  RESULTADOS E ANÁLISES DAS EXPERIÊNCIAS CHD - SDI

Conforme nosso posicionamento no referencial teórico do CHD-SDI, passamos a oferecer ao leitor de forma bem didática com exemplificações, a sistematização de duas experiências com utilização do CHD quanto à realização de uma sequência didática interativa.

2.1    Sequência didática interativa no Ensino de Química

A  primeira experiência foi realizada no Curso de Licenciatura em Química da UFRPE, no 7º período, com duas turmas que estavam cursando a disciplina Metodologia do Ensino, sendo a primeira, com dezesseis alunos do segundo semestre de 2008, e a segunda, do primeiro semestre de 2009 com vinte alunos.

Os dados foram obtidos no contexto da sala de aula por meio da aplicação da técnica do Círculo Hermenêutico-dialético. O estudo foi centrado nas concepções dos estudantes sobre a disciplina Metodologia do Ensino, quanto às representações desses alunos sobre conteúdos curriculares e a utilização de métodos e técnicas. A problematização dessa experiência foi assim formulada:

Quais  as  concepções  e  possíveis  relações  que  os  estudantes  de Licenciatura  em Química estabelecem entre os conteúdos disciplinares, métodos e técnicas de ensino?

Para encontrar possíveis respostas a essa questão de pesquisa, fomos buscar os fundamentos teóricos nos principais autores que trabalham a temática Formação de Professores, tais como: Carvalho (2004); Gil-Perez; (2001); Imbernón (2006); Freire (2004); Schön (2000); Tardif (2002) entre outros.

À luz da tipologia dos saberes segundo Tardif (2002), quais sejam: saberes curriculares, saberes disciplinares, saberes experienciais, e saberes da formação profissional, foi possível perceber que os saberes experienciais como sendo os saberes que os alunos já deveriam trazer quando chegam a um curso de Licenciatura, não foram bem explicitados pelos estudantes. Ainda foi possível perceber nas respostas dos alunos das duas turmas, que as concepções provenientes dos saberes experienciais foram apresentadas com respostas evasivas, como por exemplo: “a metodologia é um conjunto de técnicas, e que não são devidamente trabalhadas na própria formação inicial”. De acordo com os saberes da formação profissional, o que os alunos definiram como metodologia de ensino não corresponde ao desenvolvimento destes saberes.

No entanto, no final da experiência fundamentada segundo Tardif (2002), observamos que na construção do texto que foi solicitado para encerrar a SDI, os estudantes souberam relacionar saberes profissionais com os saberes experienciais.

2.1.1 Considerações sobre a SDI no ensino de Química

Com relação às concepções dos estudantes sobre a Metodologia, métodos e técnicas no Ensino de Química, e as possíveis relações no processo ensino-aprendizagem, podemos concluir que mesmo os alunos no final do curso de Licenciatura plena, eles ainda não avançaram suas concepções em direção às definições que são postas pelas instituições de Formação de Professores. Foi comum encontrar falta de clareza conceitual e epistemológica entre os termos: método, técnica, ferramentas e saberes.

Na conclusão da atividade realizada, os resultados sobre as relações entre conteúdo, método e técnica apresentaram alguns dados relevantes em direção á construção dos saberes da formação profissional, já que a maioria dos alunos reconheceu a relação que existe entre os termos, e sua importância para o ensino-aprendizagem.

2.2 Sequência didática interativa em uma turma de EJA

Nesta segunda pesquisa, além da utilização do Círculo hermenêutico-dialético como ferramenta didática em sala de aula, foi realizada uma sequência didática de forma interdisciplinar associada com a proposta de Freire, quanto à realização de um Circulo de Cultura 3. Para operacionalização desta experiência, foram analisadas junto aos Licenciados do Curso de Pedagogia de uma Faculdade de Formação de professores no município de Escada-PE, as concepções destes licenciandos sobre meio ambiente e sustentabilidade.
A aplicação da SDI utilizando o CHD facilitou a construção de duas definições precisas sobre os conceitos solicitados. Após a fundamentação teórica com base em livros que tratam do meio ambiente, artigos científicos e documentos oficiais, foi realizado um círculo de cultura. Como resultado desta atividade, tivemos a construção de um texto coletivo, em que cada aluno teve uma boa participação.

O que se pode observar nesta experiência, é que a associação da SDI com a realização de um círculo de cultura é bastante produtiva, no que concerne a um maior aprofundamento do tema em estudo. Os participantes da SDI ficam mais motivados e têm melhor conhecimento do tema em estudo, e se sentem mais seguros para construção de um novo conhecimento, que se legitima por meio da construção de textos e artigos científicos.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos nas duas experiências realizadas por meio da aplicação de uma SDI demonstraram que a utilização do CHD como ferramenta didática no processo ensino-aprendizagem, configura-se como uma excelente estratégia. Isto, porque ficou evidenciado o bom nível de motivação dos estudantes por meio de uma efetiva participação, interação entre docentes e discentes. A motivação e a participação de todos envolvidos na SDI facilita a sistematização de conceitos/definições, que por sua vez se constitui um bom referencial para se trabalhar os fundamentos teóricos do tema em estudo, e que por sua vez, resulta na construção de novos conhecimentos.

A realização das experiências, tendo como ponto de partida, o circula hermenêutico dialético para aplicação de uma SDI deu subsídios para uma dinâmica em sala de aula com um bom nível de participação. No final do processo dessas duas experiências, foi construído de forma coletiva e em pequenos grupos, textos e artigos científicos que subsidiaram o processo ensino-aprendizagem de forma complexa, dialética e dialógica.

Em síntese, a aplicação da técnica da sequência didática interativa, foi bastante significativa nas duas experiências, haja vista que na SDI para o ensino de Química, os estudantes demonstraram interesse, e tiveram um bom nível de participação. Fato este, que facilitou a associação entre teoria e prática para o ensino de Química.

Na segunda experiência com Licenciandos do Curso de Pedagogia, e, que trabalham com a temática Educação de Jovens e Adultos, a SDI também facilitou a construção e sistematização de conceitos e construção de textos e artigos científicos sobre meio ambiente e sustentabilidade.
Finalmente,  com  base  nessas  duas  experiências  ficou  evidenciado  que  a  SDI se constitui uma técnica consistente que facilita o processo ensino-aprendizagem, com a efetiva participação de cada estudante, e uma interatividade destes estudantes com os professores,tendo como desfecho a construção de novos conhecimentos.



REFERÊNCIAS

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GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A.M.P. Formação de professores de Ciências: tendências e inovações. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

GADAMER, Hans-George. Hermenêutica em retrospectiva. Petrópolis: Vozes, 2007.

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MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualiativa em saúde. *. Ed. São Paaulo: Hucitec/Brasco,2004.

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PÉREZ- GOMÉZ, P. O. O pensamento prático do professor: a formação do professor como profissional reflexivo In: NÓVOA, A (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995.

SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científica. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.


SILVEIRA, Thiago Araújo. Sequência didática interativa na formação inicial. Recife: UFRPE/PPGEC, 2009.

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* PhD em Educação pela Universidade de Sherbrooke (Quebec) Canadá. Professora do quadro permanente do Mestrado e Doutorado em Ensino das Ciências e Matemática da Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE-PPGEC. marly@academiadeprojetos.com.br



NOTAS

1 É importante assinalar que na fundamentação teórica do CHD, foram incorporados recentemente os aportes teóricos da Complexidade (MORIN, 2005) e Dialogicidade (FREIRE, 2004). A versão anterior da definição do CHD como carro-chefe da Metodologia Interativa se encontra em Oliveira (2010, p. 131).

2 Na Figure acima, o primeiro circulo pontilhado representa um grupo de oito pessoas entrevistadas em uma pesquisa de campo, e/ou na aplicação de uma SDI. O segundo ciclo simboliza a dinâmica do vai-e-vem das construções e reconstruções da realidade pesquisada e/ou em estudo por meio da dialogicidade (síntese de cada entrevista/diálogo). Cada entrevistado e/ou estudante é representado pela letra E, e a síntese das entrevistas e falas dos estudantes pela letra C (construção da realidade). Assim procedendo, verificamos que temos na figura 1, o resultado da primeira entrevista e/ou resposta de estudante no processo da SDI (E1). Logo a seguir, ao primeiro diálogo é realizada uma nova entrevista e/ou uma atividade em pequenos grupos, cujo resultado da atividade anterior (primeira síntese) é levado a uma segunda pessoa e/ou dos pequenos grupos, que após dar suas respostas recebe a síntese da atividade anterior, e faz novos comentários, e acresecenta novas informações. No caso citado, é representado por C1 e assim sucessivamente até o último entrevistado/estudante. No caso da SDI, este momento é vivenciado pelo grupo formado por cada representante das equipes anteriores, que sistematizaram os conceitos trabalhados individualmente e depois, em pequenos grupos, e que resulta em uma síntese por cada grupo (complexidade). O terceiro círculo, no qual aparece no centro o termo realidade, representa o resultado do encontro final com todas as pessoas entrevistadas e/ou grupo-classe, que trabalhou na realização da SDI. Nesse encontro final, é apresentado ao grupo de entrevistados e/ou estudantes da SDI, a síntese final das entrevistas e atividades realizadas, para comentários e novos aportes, dando-se aí o fechamento da pré-análise dos dados dentro de uma visão sistêmica.

3 O Circulo de Cultura foi criado por Paulo Freire na década de 1960, tendo sido aplicado pela primeira vez no contexto dos movimentos populares na cidade de Recife-PE. Esta técnica coloca os participantes em círculos, para uma discussão aberta sobre os problemas que são comuns ao grupo, na busca de alternativas para minimização ou superação das dificuldades. Na prática acadêmica, o círculo de cultura visa discutir temas, dificuldades e ou interesse de determinados grupos na busca de possíveis soluções, ao que é “comum” ao grupo, através da dialogicidade.


















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